segunda-feira

VENTO


Eu quis ver através de teus lábios entreabertos,
Assim como querer ver através da fresta da janela,
Para observar dentro do escuro de ti,
O brilho sorrateiro da sua noite.
Um vento morno ecoava boca a fora,
Janela a dentro...
E teus lábios se movimentavam como suaves cortinas
Ao encontro dos meus.
Suspeitei, por um instante, que o seu hálito fosse,
misteriosamente, sua alma em ventania.
E que o cheiro envolto entre nosso beijo fosse,
estranhamente, o perfume da pele das estrelas no céu.
E eu beijei cada poro da sua noite,
E senti o gosto de cada segredo seu.